O
folclore sergipano é rico e diversificado, reunindo elementos da cultura
indígena, africana e europeia. E toda essa cultura poderá ser vista no 54º
Festival do Folclore da Estância Turística de Olímpia, de 4 a 12 de agosto.
Três dos mais tradicionais grupos do Brasil estarão no palco do Fefol
representando o Estado de Sergipe – o Batalhão de Bacamarteiros, da cidade de
Carmópolis, e Parafusos e Taieiras, ambos de Lagarto. Os três participam do
Festival de Olímpia quase que desde sua criação e a cada ano encantam mais pela
sua originalidade e autenticidade.
BATALHÃO DE BACAMARTEIROS
Por volta de 1780, surgiu
um grupo no qual os negros dos engenhos de cana-de-açúcar do Vale do Cotinguiba
brincavam de -de-roda e atiravam com uma arma artesanal conhecida como
Bacamarte. Atualmente, o Batalhão de Bacamarteiros possui 60 integrantes, entre
homens, mulheres e crianças. Os instrumentos musicais são fabricados com a
madeira do jenipapo, couro de animais e sementes.
Para fabricar a pólvora, é
utilizado o carvão produzido a partir da umbaúba, cachaça e enxofre. Durante os
festejos juninos, acontece o ritual do Pisa Pólvora para comemorar os Santos do
mês. A musicalidade e o ritmo contagiante encantam todos que assistem às
apresentações do grupo pelo país.
O Batalhão de
Bacamarteiros exibe a riqueza da cultura africana disseminada por aquela região
e é uma marca inconfundível da cultura de Carmópolis. O Batalhão se apresenta
nas festas juninas, embelezando o município com a alegria das roupas, com o
barulho dos tiros e a graciosidade da dança e dos repentes. Nas ruas, o
colorido especial das bandeirinhas, balões e fogueiras enfeitam a cidade nas
festividades.
PARAFUSOS
A origem do Grupo
Parafusos é datada de 7 de setembro de 1897. Foi fundado pelo Padre José
Saraiva Salomão e tinha como objetivo o assombramento por meio de disfarce, que
era a fuga dos negros escravos. Segundo a história, os negros fugiam dos
engenhos e se embrenhavam nas matas, fazendo mocambos. Na calada da noite,
saíam para pequenos furtos. Era comum naquela época as sinhazinhas deixarem no
quaradouro, durante a noite, as peças das suas indumentárias, anáguas ricamente
bordadas e cheias de rendas francesas. Deixavam-nas ali porque o sereno ajudava
a alvejar o linho belga. Tais anáguas, segundo a moda, tinham 9 côvados e
formavam uma grande roda. Os escravos, ladrões delas, se apoderavam e quando em
época de lua cheia, vestiam as peças que tinham roubado, fazendo com que todo o
corpo ficasse coberto, após colocar uma sobre a outra, até cobrir o pescoço. E
assim saíam pelas estradas dando pulos e fazendo assombração, se embrenhavam
pelos canaviais e fugiam para os quilombos.
A superstição da época
fazia acreditar em alma sem cabeça e outras visagens. Os moradores se abstinham
de sair para se proteger algo porque tinham medo. Esta prática levou vários
anos, até quando foram libertos. Alforriados saíram às ruas vestindo as anáguas
numa gozação dos seus antigos senhores. Passando em frente à Igreja Matriz da
cidade de Lagarto, o padre achou interessante o movimento feito por eles, que
torciam e destorciam, e os batizou de parafusos. A primeira música do grupo é
de autoria do próprio Padre José Saraiva Salomão. Os instrumentos que
acompanham o grupo são triângulo, acordeom e bombo.
TAIEIRAS
Também é do pequeno Estado de Sergipe que as Taieiras mais se
desenvolveram, espalhadas por velhas cidades, na zona do Vazabarris, Cotinguiba
e no sertão, em Lagarto. Silvio Romero registrou sua presença nas festas
natalinas. As pesquisas confirmam que outrora, quando as sinhás brancas viviam
enclausuradas nas casas grandes e nos sobrados patriarcais, os negros e mulatos
das Taieiras desfrutavam o privilégio de cantar, dançar e divertir-se nas
praças das igrejas e no meio das ruas. A mais remota notícia das Taieirias é do
século XVIII. Em 1760, por ocasião do casamento da princesa do Brasil com D.
Pedro, o acontecimento foi festejado na vila de Nossa Senhora da Purificação,
em Santo Amaro, capitania da Bahia, onde desfilaram várias danças, inclusive as
Taieiras.
Um século depois, Silvio Romero iria encontrar a respeito do
folguedo, nas festanças matrimoniais da futura D. Maria I, a origem da dança,
sua filiação, as tradições lusitanas, africanas ou indígenas. No dia 06 de
janeiro, se comemora o dia de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, dos
quais as Taieiras são devotas. Os personagens masculinos resultam na
incorporação dos reis dos congos. É composto de um grupo de jogadores de
espadas, mulatos, que disputavam tirar a coroa do rei e das rainhas e outros
defendiam. |