De acordo com dados obtidos pela reportagem da Espaço
Livre junto ao Observatório da Criança e do Adolescente, a Estância Turística
de Olímpia apresenta números de realização de partos cesárias que surpreende:
em 2019, último ano do levantamento, 82,3% das mães olimpienses tiveram parto
por este método, índice que fica 26% acima da média do país, que foi de 56,3%
em 2019.
Contando os últimos 20 anos, a partir do ano 2.000, nada
menos que 9.874 cesarianas foram feitas na Santa Casa de Misericórdia de
Olímpia. Nos últimos cinco anos, a partir de 2015 até 2019, foram 2.897 partos
cesárias.
Nas últimas duas décadas, os anos de 2016 e 2017 foram os
mais profícuos em número de cesárias, alcançando ambos 87,7% dos partos
realizados naqueles dois anos.
Na verdade, por nove anos seguidos, de 2011 a 2019, o
índice percentual dos partos não normais sobre os naturais bateu e superou a
casa dos 80% em 2011, depois subindo para 83,5% em 2012, 85,6% em 2013, 86,8%
em 2014, 85% em 2015, 87,7% em 2016, 87,7% em 2017, 86,1% em 2018 e 82,3% em
2019.
A década de 2000 se encerrou com índice de 62,6% de
partos cesárias realizados, e começou com índice um pouco acima, em 65,9% na
relação com os partos normais. Em 2002 subiu um pouco mais, indo a 70,9%.
Permaneceu na média de 66% por cinco anos, de 2003 a 2007, voltando a subir em
2008 para 70,7%, caindo no ano seguinte para 68,7%, alcançando 75,3% em 2010. A
partir daí o índice manteve-se na casa dos 80%, conforme já dito acima.
A alta taxa de partos cesáreos realizados no país também
preocupa. A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que o total de partos
cesáreos em relação ao número total de partos realizados em um serviço de saúde
seja de 15%. Porém, mais da metade de todos os partos realizados no país são
cesáreos.
Por outro lado, é comum a divulgação da etimologia
popular (pseudoetimologia) segundo a qual a palavra cesariana derivaria da
forma como nasceu o imperador Júlio César.
Segundo João Malalas, a mãe de Júlio César morreu no nono
mês de gravidez, e sua barriga foi cortada; daí que ele recebeu o nome de César
que quer dizer “cortar”, na língua dos romanos.
Na verdade, a palavra tem origem no verbo caedo -is,
cecidi, caesum, caedere, que significa “cortar” e está presente nas palavras
ciseaux, do francês, e scissors, do inglês, que significam ambas
"tesoura".
Outra evidência da impropriedade da associação com o
governante romano são os registros do uso desse procedimento de parto antes
mesmo da época de Júlio César: assim teria vindo à luz Cipião, o Africano, São
Cesário de Terracina (o santo que substituiu e cristianizou o culto de César,
jovem diácono, é invocado pelo bom sucesso de cesariana. |