O decreto com novas
regras para o combate ao novo coronavírus (covid-19) entrou em vigor quarta
(24) em Araraquara, no interior paulista.
Com o decreto, a cidade
volta a ter um lockdown, com fechamento de comércio e circulação restrita de
pessoas, se ultrapassar a taxa de 30% de pacientes sintomáticos para a covid-19
por três dias consecutivos ou por cinco dias alternados no período de uma
semana. A cidade também poderá voltar a ter um lockdown se, nesse mesmo
período, alcançar a taxa de 20% de positivados nos testes em geral
[considerando sintomáticos e assintomáticos].
E, se esse lockdown
ocorrer, o retorno das atividades só acontecerá quando a cidade começar a
registrar três dias consecutivos de taxa de positivação abaixo de 20% nos casos
sintomáticos ou abaixo de 15% na testagem geral (considerando também os
assintomáticos).
O decreto, segundo o
prefeito da cidade, Edinho Silva, é um pacto social. “Quem vai dizer se Araraquara
vai continuar aberta, não sou eu, é a população de Araraquara”, disse em suas
redes sociais. “Se batermos 30% [de sintomáticos positivados] significa que em
uma semana, ou 10 dias, já estaremos com uma pressão imensa na nossa rede de
saúde pública ou privada”, explicou.
“Estamos vivendo um
momento difícil. Retomamos as atividades, estabelecemos critérios, normas e
fiscalização, mas mesmo assim, infelizmente, a contaminação tem crescido muito
nos últimos dias. Não queremos que a cidade volte a enfrentar aquilo que
enfrentamos no mês de fevereiro. Para isso, temos que fazer um grande pacto
social. Temos que fazer um grande acordo entre todos nós, moradores”, disse o
prefeito em um vídeo publicado nas redes sociais.
Araraquara já fez um
lockdown, que ajudou a frear o aumento de casos na cidade no início deste ano.
O lockdown foi decretado no dia 21 de fevereiro e durou dez dias. De acordo com
a prefeitura, a medida apresentou resultados positivos. Os casos caíram 66,2%
na cidade e, as internações, 24%, 50 dias após o lockdown. As mortes, por sua
vez, caíram 62%.
Testagem
O objetivo do novo
decreto, que foi publicado na quarta-feira (19), é aumentar a capacidade de
testagem em toda a cidade. Com isso, agentes da Vigilância Sanitária vão fazer
uma busca ativa e rastreamento de comunicantes que tiveram contato com pessoas
positivadas para a covid-19. A medida vai funcionar, inclusive, para
estabelecimentos comerciais e de serviços. Segundo o prefeito, o rastreamento
será feito inclusive em instituições religiosas.
No caso de empresas, se o
rastreamento encontrar uma quantidade superior a 10% de positivados em relação
ao total de funcionários ou do estabelecimento/entidade, os infectados ficarão
em isolamento por 14 dias e será feita investigação de surto, com o
estabelecimento podendo ser interditado total ou parcialmente por dois dias.
Se um caso positivo for
encontrado nesse estabelecimento, todas as pessoas que tiveram contato com ele
serão testadas. Se os exames derem negativo para o vírus, eles ficarão em
quarentena pelo período de três dias. No terceiro dia de quarentena, um novo
exame será feito. Se esse segundo teste der negativo, essa pessoa poderá voltar
ao trabalho. Se ela for positivada, continuará em quarentena.
Casos
No primeiro dia de
vigência do decreto, a cidade já apresentou uma taxa acima do esperado. Segundo
dados de hoje (24), Araraquara registrou 17,8% de amostras positivas entre
assintomáticos e sintomáticos, entre 95 amostras analisadas. Mas
considerando-se apenas os casos sintomáticos, o percentual atingiu o valor
mínimo previsto pela prefeitura para a decretação do lockdown, com o registro
de 30,3% de testes positivos, entre 56 amostras analisadas.
No momento, há 184
pacientes internados na cidade, sendo 91 deles em unidades de terapia intensiva
(UTI). A taxa de ocupação em leitos de UTI está próxima de um colapso, em 96%.
Mais da metade dos pacientes internados em UTIs, no entanto, são de outras
cidades.
Desde o início da
pandemia, a cidade registra um total de 20.689 pacientes confirmados para a
covid-19, com 435 mortes, sendo que duas delas foram computadas nas últimas 24
horas.
Edição: Fernando Fraga |