Nos últimos
tempos, por conta da gravidade da pandemia do coronavírus em Olímpia, muitos
são os questionamentos dos olimpienses sobre o porquê de não reativar a
estrutura do prédio da Beneficência Portuguesa, que foi o primeiro hospital de
Olímpia, na Praça Altino Arantes, para o atendimento às vítimas da Covid-19, e
até mesmo para o atendimento cotidiano, em auxilio à Santa Casa de
Misericórdia.
Para início
de conversa é bom destacar que em março de 2017, o Conselho Municipal de Defesa
do Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e Turístico – COMDEPHACT aprovou
por unanimidade, o tombamento daquele complexo arquitetônico, histórico na Estância
Turística de Olímpia.
Porém, no
momento, embora a prefeitura tenha a responsabilidade judicial de cuidar do
imóvel, há entraves judiciais impedindo a posse definitiva do imóvel, segundo
informa a prefeitura municipal.
Um dos
maiores cafeicultores do Estado de São Paulo, Geremias Lunardelli, em 1921 doou
os prédios principais do Complexo Arquitetônico, com o objetivo de ser o Paço
Municipal de Olímpia. Em 1926, os prédios foram adquiridos pela Sociedade
Beneficência Portuguesa, Instituição representativa da colonização que lhe
confere o título.
Há quase
quatro anos atrás, o prefeito Fernando Augusto Cunha baixou o Decreto 6.861, de
25 de julho de 2017, que determinava o tombamento do complexo arquitetônico da
Beneficência onde funcionou, até dezembro de 2016, a Secretaria Municipal de
Saúde.
Assim, uma
vez tombado, o prédio se tornou “intocável” sem autorização do Comdephact.
Inicialmente construído para abrigar a Prefeitura e Câmara Municipal da cidade,
pelo então prefeito Geremias Lunardelli, em novembro de 1928, depois de sofrer
grandes transformações, o prédio já abrigava um departamento de atendimento
médico chamado Casa de Saúde Santa Cecília.
Como foi dito
acima, a Beneficência Portuguesa foi o primeiro hospital da cidade, conforme
consta no 1º volume do relato da história da cidade entre os anos de 1857 e
1941, com o nome Olímpia, Cidade Menina Moça, lançado em 2001 pelo professor e
historiador José Maria de Jesus Marangoni, já falecido. E também que foi construído
para abrigar a Prefeitura e Câmara Municipal da cidade. O prédio foi inaugurado
em 21 de novembro de 1921.
Em 1927, a
Prefeitura vendeu o prédio para a Associação Beneficência Portuguesa de Olímpia.
Na ocasião Antônio Clemêncio da Silva era o prefeito da cidade. A venda foi para
pagar dívidas do município. O prédio foi vendido pela prefeitura pelo valor de
70 contos de reis.
Depois de
desativado, o prédio ficou muito tempo abandonado e durante a administração de
José Carlos Moreira quase chegou a abrigar um Hospital Materno-Infantil, que
seria mantido pela prefeitura de Olímpia, mas não atendia às normas e acabou
não sendo credenciado pelas autoridades da Secretaria de Saúde do Estado.
Entre idas e
vindas, por fim, em novembro de 2017, a Prefeitura de Olímpia, por meio de
decisão liminar deferida pela Juíza de Direito Maria Heloísa Nogueira Ribeiro
Machado Soares, adquiriu o poder de fiscalização e cuidado do imóvel da
Beneficência Portuguesa. Com a decisão, passou a ser competência do município,
a partir de então, zelar e preservar o local de invasões e prejuízos materiais
e históricos. Cabe também ao município informar e prestar contas das
benfeitorias feitas no imóvel.
A
determinação, proferida com data de 1° de novembro de 2017, decorre de processo
no qual o Ministério Público do Estado de São Paulo movia Ação Civil de
Improbidade Administrativa contra a Sociedade Beneficência Portuguesa de
Olímpia, o ex-prefeito Eugênio José Zuliani e outros envolvidos.
Também a
antiga mantenedora do imóvel, a Associação Beneficência Portuguesa, havia feito
denúncia à Justiça em relação à antiga gestão, uma vez que o imóvel havia sido cedido
à Prefeitura, há mais de 20 anos, contados em 2017, para fins
médico-hospitalares com encargo total ao Executivo. O local foi ocupado pela
sede da Secretaria Municipal de Saúde até dezembro de 2016.
O prefeito
Fernando Augusto Cunha disse à época, quando o município foi nomeado “guardião”
do imóvel, que se o município conseguir ganhar as ações, o prédio será reativado
para serviços de Saúde.
Em nota a Prefeitura emitiu a seguinte informação:
"A Prefeitura da Estância
Turística de Olímpia informa que o prefeito Fernando Cunha tem procurado,
constantemente, a justiça local para discutir o andamento dos processos de
ocupação do prédio da antiga Beneficência Portuguesa. O local, que estava abandonado
e em situação de deterioração devido ao mau uso constatado no início de 2017,
está sob a tutela da Justiça e com mais de três ações em andamento, cabendo ao
município apenas a segurança do espaço, zeladoria e preservação contra invasões
e prejuízos materiais e históricos. O departamento jurídico da Prefeitura
ressalta ainda que tem tomado todas as providências necessárias até que tenha a
guarda definitiva do imóvel e esse imbróglio judicial seja, o quanto antes,
resolvido em definitivo."
|