Após um
curto período de estabilidade, o sistema de saúde brasileiro caminha para o
temido colapso de inverno. Anunciada desde o início de abril deste ano, ainda
durante o segundo pico da pandemia, a nova crise agora grita nos números.
O novo
Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz alerta para o recrudescimento da
pandemia nas próximas semanas. Mantidas as tendências dos atuais indicadores, o
estudo sinaliza uma nova elevação do número médio de óbitos para um patamar em
torno de 2.200 por dia.
Também
agravam o cenário os índices de positividade dos testes para diagnóstico
realizados, que permanecem em altos patamares, demonstrando a circulação
intensa do vírus Sars-CoV-2. Essas novas infecções podem resultar em casos
graves de Covid-19, afirmam os pesquisadores responsáveis pelo Boletim.
Outra
questão preocupante é o rejuvenescimento da pandemia que, associada à
circulação de novas variantes do vírus no país, torna mais crítica às
consequências entre grupos mais jovens. O estudo conclui que a maior exposição
desta faixa etária está associada a condições precárias de trabalho e
transporte, além da retomada de atividades econômicas e de lazer, que vêm sendo
efetivadas em diversos estados e municípios, com a flexibilização das
restrições vigentes em março.
Os
pesquisadores são categóricos em destacar que é premente a intensificação de
ações de vigilância em saúde, o reforço de estratégias de testagem de casos
suspeitos e seus contatos, além do controle e a manutenção de restrições de
eventos de massa e atividades que promovam a interação e infecção de grupos
suscetíveis. Simultaneamente, são necessárias medidas de preparação do sistema
de saúde, desde a sincronização com a atenção primária em saúde, até a
organização da média e alta complexidade, incluindo a oferta de leitos clínicos
e UTIs Covid-19, e garantia da oferta de insumos.
Leitos de
UTI para Covid-19
Dados
publicados pelo Observatório da Fundação Oswaldo Cruz na sexta-feira (4/6)
mostram que as taxas de ocupação de leitos de UTI do SUS para COVID-19 é
superior a 80% em 20 estados brasileiros. Em outros seis, a situação é
pré-crítica, ou seja, mais de 70% das vagas disponíveis estão em uso. Treze
unidades da federação já acumulam filas de espera por leitos, incluindo São
Paulo.
A região de
Rio Preto voltou a liderar a fila de espera por leito UTI no Estado no último
fim de semana. Eram 107 pacientes à
espera por um leito de UTI, segundo boletim do Sistema Cross, responsável pela
regulação de vagas, deste domingo (6). A
fila na região é a que possui o maior número de pacientes entre todos os
departamentos regionais de saúde do estado.
O aumento na
quantidade de pessoas à espera por um leito é explicado pela situação do maior
hospital do interior paulista, referência para moradores de mais de 100
municípios da região. O HB tinha neste domingo (6), 172 pacientes internados, o
que representava
94% da
ocupação. Na Santa Casa de Rio Preto, a
ocupação é de 100% nas UTIs e enfermarias.
Em Olímpia,
a Santa Casa também tem 100% de ocupação dos leitos de UTI, a enfermaria,
segundo boletim (04/06) operava com 20 leitos ocupados.
Na regional
de Barretos, segundo dados atualizados domingo (6) no portal SEADE do governo
do Estado, os leitos de UTI operam com 95,1% de ocupação. E as enfermarias com
59,2%.
As mazelas a
que assistiremos desta vez, alertam especialistas, podem ser ainda piores do
que aquelas enfrentadas em março, já que o perfil dos pacientes internados
mudou: eles, agora, são mais jovens e permanecem mais tempo no hospital. A
circulação de novas variantes do vírus é outro agravante do cenário pandêmico.
Estudiosos
da Saúde Pública acreditam que o controle da situação está ao alcance das
autoridades, mas se mostram pouco otimistas quanto à atuação assertiva do poder
público nas próximas semanas. A melhor expectativa é de que o curso natural da
vacinação ponha freio à sequência de colapsos. |